After Party Special #4: Les Misérables

Minha explicação para os filmes musicais é a seguinte: as cenas cantadas são uma representação alegórica da forma como o personagem se sente (ou de sua linha de pensamento) e não uma narração literal. Ao assistir Les Misérables, minha percepção foi abalada irrevogavelmente.

1) Os atores cantam "ao vivo", ou quase isso. Segundo o making-off exibido pela TNT, esse é o primeiro musical produzido dessa forma. Os atores soltaram a voz durante a gravação da cena, e não separadamente, no estúdio, como é de costume.

2) Não há diálogos falados. O filme todo é cantado e cantarolado.

Com a sensação de "realidade" causada pela cantoria ao vivo, a impressão é a de que, de fato, o personagem está no meio da rua, cantando loucamente sobre amar uma pessoa e continuar sozinha.

Isso dito, há quem encare essas características como negativas, e há quem adore essa concepção, mas em ambos os casos, o filme não se resume aqui. O pano de fundo da história é a Revolução Francesa, período no qual Paris era basicamente um esgoto à céu aberto, e a população lutava por "liberté, egalité, fraternité".

Jean Valjean (HUGH JACKMAN), em um momento de desespero, rouba um pedaço de pão para salvar a irmã e os sobrinhos da inanição. Por esse crime, paga 19 anos de escravidão trabalhos forçados e, ao sair, mal se lembra de quem ele próprio é. Tanto que, quando ele é acolhido em uma igreja, rouba várias peças de prata e foge.

Ele é encontrado por policiais e entregue ao padre (aquilo é um padre? bispo? papa?), que alega ter dado as peças a Valjean, para livrá-lo de cumprir mais uma pena. Em troca da prata e da segunda chance, ele pede que Jean Valjean se torne um homem honesto.

O ato serve como uma epifania e ele abandona a identidade e sai em busca desse homem honesto que deseja ser.

Muitos anos depois, ele é prefeito de uma cidade e dono de uma linha de produção na qual Fatine trabalha. Fatine é uma mãe solteira, que precisa de dinheiro para garantir cuidados médicos à filha. As outras empregadas fazem com que Fatine seja despedida e, para enviar dinheiro a filha, ela precisa vender seus cabelos, dentes e se prostituir. Exposta, envergonhada e cansada, ela fica doente.

Jean Valjean, agora "Sr. Prefeito", a encontra em seus últimos momentos e se sente culpado pela situação da moça. Numa tentativa de redenção, ele promete que encontrará a filha de Fatine e a criará como filha.

A tarefa de cuidar da garota é o que impulsiona Valjean. Mas ao mesmo tempo em que tenta reconstruir sua vida, percebe que seus crimes do passado tentam alcançá-lo... #comolidar?

O grande destaque do filme, para mim, foi o molequinho revolucionário, que mostra grande entendimento de política e uma compreensão muito maior da sociedade do que alguns dos adultos que o cercam. As cenas dele são simplesmente as melhores.

Les Misérables foi indicado a oito Oscars, e levou três - de Melhor Mixagem de Som, Melhor Maquiagem, Melhor Atriz Coadjuvante, para Anne Hathaway.

A Srta. Hathaway também foi destaque na cerimônia do Oscar por outro motivo: seu vestido revelador de mamilos, com formato de palmito. Ela até ganhou um tumblr: http://annepalmito.tumblr.com/

Confira o trailer: