Coraline, parte um: o filme

Foi mais ou menos cinco anos atrás quando Coraline saiu no cinema e a Luciana foi assistir. Eu lembro dela comentando que era um filme sinistro e que as criancinhas ficaram morrendo de medo. É bem assim que eu gosto de definir Neil Gaiman: aquele conto de fantasia que fica mais perturbador dependendo do seu nível de maturidade.

Coraline, Neil Gaiman conta, nasceu de um erro de digitação de Caroline. Mas então a personagem já tinha uma outra personalidade. E já era outra pessoa. E já tinha outras características. Era Coraline Jones.

Esse post é dedicado ao filme, particularmente. E uma das razões para isso é porque a produção é algo que me encanta tanto quanto a própria obra.

Assistir o filme foi incrível, mas o material extra do DVD, que mostra a fabricação dos bonecos para o stop motion, da forma como cada cenário foi pensado e produzido, de como cada coisa foi minuciosamente e artisticamente preparada me deixa em estado de graça.

A família de Coraline está passando um tempo no Palácio Rosa, uma casa muito grande que fora dividida em várias casas menores e alugada para pessoas diferentes. Seus pais são biólogos e estão trabalhando em seus respectivos livros e artigos científicos. Ela precisa achar um jeito de matar o tempo e encontrar algo para se distrair.

Ela resolve explorar a casa e descobre uma portinha na sala de estar. Durante a noite, ela se abre e Coraline consegue passar para uma outra dimensão, onde encontra a sua “outra mãe” e “outro pai”. Uma família que lhe dá atenção e é muito mais próxima do que ela deseja realmente, como família.

Mas se tem uma coisa que Gaiman é mestre, é em distorcer desejos e entrega-los de volta para nós, da forma que menos pensávamos que iriamos encontra-los.